ATA DA SEGUNDA SESSÃO SOLENE
DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM
19.03.1998.
Aos dezenove dias do mês de
março do ano de mil novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze
horas e dezesseis minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a
homenagear o Instituto Porto Alegre pelos setenta e cinco anos de serviços
educacionais, nos termos do Requerimento nº 32/98 (Processo nº 516/98), de
autoria do Vereador Carlos Garcia. Compuseram a MESA: o Vereador Luiz Braz,
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Professora Alba Salgado
Belotto, Reitora do Instituto Porto Alegre; a Jornalista Maria da Graça
Schmidt, representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Desembargador
Tupinambá do Nascimento, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio
Grande do Sul; a Professora Carolina Reschke Fulcher, Diretora das Faculdades
IPA e IMEC; o Professor João Paulo Rito Rodrigues Aço, Presidente do Conselho
Diretor do Instituto Porto Alegre; a Professora Anelise Lara Lopes,
representante da Delegacia do Ministério da Educação; o Major Francisco Carlos
Freitas, representante do Comando-Geral da Brigada Militar; o Professor
Washington Gutierrez, ex-Reitor Emérito do Instituto Porto Alegre; a Professora
Neci Ricciardi, representante da Secretaria de Educação; o Vereador Carlos
Garcia, Secretário "ad hoc". Ainda, foram registradas, como extensão
da Mesa, as presenças da Professora Eliane Thaís Carvalho da Silva, Diretora do
Colégio Americano; da Professora Adriana Oliveira, Coordenadora do Colégio
Americano; do Professor Fernando Antônio Melo Prati, Coordenador da Faculdade
de Fisioterapia; da Professora Vera Campos, Coordenadora do Grupo Reviver
Terceira Idade; do Professor Celso Veit, Diretor do Colégio Farroupilha; da
Orientadora Carmela Azevedo, representante do Colégio São Luís; do Senhor
Orlando Albino Veit, representante dos funcionários do Instituto Porto Alegre;
do Senhor Milton Gehrke, representante do
Sindicato das Escolas Particulares - SINEP; do Senhor Vunibaldo Esser,
representante do Círculo de Pais e Mestres do Instituto Porto Alegre; do Professor
Jaime Verner dos Reis, representante dos Professores da Congregação Metodista;
do Tenente Amorin, representante do Comandante da 9ª Região de Porto Alegre; do
Pastor Luis Eduardo Prates da Silva, representante da Pastoral Universitária;
da Reverenda Elza Zenkner, representante do Reverendo Bispo Rozalino Domingos.
Também, foram registradas as presenças da Senhora Lorena Guimarães, Diretora
Administrativa do IPA-IMEC; do Professor Otávio Rojas Lima, representante do
curso pré-vestibular Unificado; da Professora Dione Zanata, Coordenadora do
Grupo de Danças Folclóricas do Instituto Porto Alegre; dos Professores Jussara
Lobato Fernandes e Robert Werner da Silva, Coordenadores, respectivamente, do
1º e do 2º Grau do Instituto Porto Alegre. Em
prosseguimento, o Senhor Presidente
convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, após,
concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador
Carlos Garcia, em nome das Bancadas do PTB e PPS, discorreu sobre a história do
Instituto Porto Alegre e a preocupação desta entidade com a construção do
caráter dos jovens. Ainda, destacou o compromisso assumido por esta Instituição
com a comunidade porto-alegrense, manifestando sua satisfação por participar,
como Professor e Coordenador da Faculdade de Educação Física do Instituto Porto
Alegre, deste trabalho social. O
Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, reportando-se ao discurso
do Vereador Carlos Garcia, comentou a participação do Instituto Porto Alegre
junto à comunidade, agradecendo pelas
lições de liberdade e responsabilidade que trouxe a várias gerações de
gaúchos. O Vereador Adeli Sell, em nome da Bancada do PT, congratulou-se com o
Instituto Porto Alegre pelos seus setenta e cinco anos de dedicação ao ensino,
afirmando que o trabalho realizado por essa instituição a torna parte integrante da história de Porto
Alegre. O Vereador Nereu D'Ávila, em nome da Bancada do PDT, discorreu sobre a
formação moral e religiosa que recebeu do Instituto Porto Alegre e da Igreja
Metodista, salientando lembranças e saudades que possui da época em que ali
estudou. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, referiu-se à formação cristã do Instituto
Porto Alegre, ao trabalho árduo ali observado no campo da ação humana em
sociedade, congratulando-se com a instituição homenageada pelas obras
realizadas nesta Capital. A Vereadora Anamaria Negroni, em nome da Bancada do
PSDB, ressaltou a importância do Instituto Porto Alegre em nossa Cidade, face
aos princípios educacionais que norteiam o trabalho ali desenvolvido, embasado
na busca da justiça, da verdade e da solidariedade humana. O Vereador Hélio
Corbellini, em nome da Bancada do PSB, citando João Wesley, discorreu sobre a
liberdade que os cidadãos devem ter ao buscar a verdade, analisando a
contribuição do Metodismo para a moldagem do perfil e do caráter de uma nova
sociedade. A Vereadora Clênia Maranhão, em nome da Bancada do PMDB, ressaltou
que esta é também uma homenagem à educação e uma reflexão sobre a perenidade de
valores universais, declarando que o Instituto Porto Alegre sempre esteve
preocupado com a qualificação, integrando-se à sociedade para torná-la melhor.
A seguir, foi apresentado um número de dança, pelo Grupo de Danças Folclóricas
do Instituto Porto Alegre, Grupo Vidança, coordenado pela Professora Dione
Zanata. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Professor
João Paulo Rito Rodrigues Aço, Presidente do Conselho Diretor do Instituto
Porto Alegre, que agradeceu a homenagem prestada pela Casa. Após, o Senhor
Presidente convidou os presentes para ouvirem, em pé, à execução do Hino
Rio-grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar,
declarou encerrados os trabalhos às dezesseis horas e cinqüenta e sete minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Luiz Braz e secretariados
pelo Vereador Carlos Garcia, Secretário "ad hoc". Do que eu, Carlos
Garcia, Secretário "ad hoc",
determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e
aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): É com satisfação que abrimos os trabalhos da presente Sessão Solene,
destinada a homenagear os 75 anos de existência do IPA.
Queremos registrar a
presença dos Vereadores Adeli Sell, Hélio Corbellini, Clênia Maranhão, Pedro
Américo Leal, Reginaldo Pujol, João Carlos Nedel e Carlos Garcia.
Convidamos a fazer parte da
Mesa a Magnífica Reitora do Instituto Porto Alegre, Profa. Alba Salgado
Belotto; representante do Prefeito Municipal de Porto Alegre, Jornalista Maria
da Graça Schmidt; representante do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador
Tubinambá do Nascimento; Diretora Geral do IPA/IMEC, Prof. Carolina Reschke
Fulcher; Presidente do Conselho Diretor, Prof. João Paulo Rito Rodrigues Aço;
representante da Delegacia do Ministério da Educação, Profª. Anelise Lara
Lopes; representante do Comando geral da Brigada Militar, Major Francisco
Carlos Freitas; ex-Reitor Emérito do IPA, Prof. Washington Gutierrez;
representante da Secretaria de Educação, Profª. Neci Ricciardi.
É uma honra muito grande
receber a todos aqui, nesta tarde em que a Câmara Municipal homenageia os 75
anos do IPA.
Eu solicito que todos de pé
ouçamos o Hino Nacional Brasileiro.
(Executa-se o Hino Nacional
Brasileiro.)
Esta Sessão foi originada
por um Requerimento do Ver. Carlos Alberto Garcia, com a aprovação de todos os
Vereadores desta Casa, para que este importante Instituto pudesse, hoje, estar
recebendo a homenagem de toda a Câmara Municipal de Porto Alegre.
O Ver. Carlos Garcia,
Vereador proponente, está com a palavra para falar em nome das Bancadas do PTB e PPS.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda componentes da mesa e demais
representantes.) Hoje é um dia muito importante e de alto significado. Por
coincidência, hoje, dezenove de março, é do dia da escola, o dia que foi
escolhido para o Instituto Porto Alegre ser homenageado pelos seus setenta e cinco anos em prol da educação do
nosso Estado. Sistematicamente, utilizo esta tribuna, mas hoje venho
emocionado, porque o IPA é uma extensão da minha casa, pelos diversos laços que tenho com essa Instituição. Vou
dar, antes, alguns dados da história do IPA para situar aqueles que não o
conhecem. O IPA foi fundado, em 1923, com o nome de Porto Alegre College, e,
mais tarde, passando a denominar-se o que é hoje, ou seja, Instituto Porto
Alegre da Igreja Metodista. Inicialmente, ele foi instalado no prédio alugado
na Rua Marechal Floriano. Em 1924, passou para o morro Petrópolis com os dois edifícios principais
de internato e externato, onde existem até hoje. O objetivo da instituição
sempre esteve voltado para propiciar aos seus alunos o ensino e a pesquisa nos
diversos campos do conhecimento. Nos currículos estão incluídos, além da
educação intelectual, a educação física, social, cívica, espiritual e
profissional, dentro do princípio fundamental que norteia o Instituto Porto
Alegre, o espírito cristão, já que é uma Instituição confessional. Dentro desse
espírito cristão, o IPA pauta-se no lema escolhido para expressar a sua
preocupação na construção do caráter dos jovens, sobretudo buscando
honestidade, verdade com o seu lema: "A verdade vos libertará". No
IPA esses valores permanecem junto com esse compromisso social, embora no
momento atual certos valores sejam esquecidos pela sociedade, mas no IPA
procura-se manter, porque mais importante do que a educação formal, é realmente
trabalhar em cima de valores, pois esses nós temos a plena convicção de que são
perenes e temos esse compromisso. O IPA, ao longo desses anos, ele foi
crescendo. Em 1937, foi inaugurado o Estádio da Liberdade, que é onde, até
hoje, está o campo de futebol e a pista de atletismo e, naquela oportunidade, o
IPA foi escolhido como o maior complexo esportivo - escolar do Brasil,
ressaltando, desde então, o valor que o IPA sempre deu e continua dando à
prática desportiva e, ao longo desses anos, em 1971, foi criada a Escola Superior
de Educação Física do IPA. Naquela oportunidade, foi a primeira Faculdade de
Educação Física particular do nosso Estado. O Prof. Washington está aqui, seu
fundador, e isso foi motivo de orgulho. Em 1980, através do Conselho Federal de
Educação, obteve mais dois novos cursos superiores: a Fisioterapia - com o
Prof. Fernando, que encontra-se presente como Coordenador - e a Terapia
Ocupacional. Então, o IPA deixou, ao longo desses anos, de ser simplesmente um
colégio para voltar-se também ao ensino do 3º Grau. Mas, continuou sempre com a
sua busca, a sua meta do ensino. O espírito ipaense foi formado ao longo desses
anos com um princípio: liberdade e responsabilidade e quem subiu o Morro
Milenar sabe o que significa esse lema: liberdade e responsabilidade.
Por que falei no início que
estava emocionado? Eu tenho uma relação com o IPA há muitos anos. Faz 15 anos
que eu tive a grata felicidade de fazer um concurso, na época, fui selecionado
para ser professor de atletismo e nos últimos sete anos tenho tido a oportunidade
de coordenar a Faculdade de Educação Física. Mas, em 1972, tive a oportunidade
de conhecer - hoje faz 23 anos que estou casado - a minha esposa. Eu fiz
durante três anos o curso junto com ela, e todas as noites eu subia o Morro
Milenar, porque naquela época, a namorada, noiva, morava na Lima e Silva e como
era bom descer aquele Morro Milenar, quando eu levava uma hora, uma hora e meia
até chegar na Rua Lima e Silva, numa época mais tranqüila, quando se podia
andar pelas ruas de Porto Alegre. A minha filha hoje está no 5º Semestre de
Educação Física. Há dois semestres foi minha aluna. Uma das coisas mais
gratificantes, como educador, é também poder transmitir, além daqueles valores
sistemáticos, como pai, como Professor em uma sala de aula para o seu filho.
Quem viveu isso sabe que é algo indescritível.
Por isso o IPA é algo que me marca muito. E hoje, vendo algumas pessoas
- e na semana passada ainda estive vendo o Bispo Sadi Machado, que caminha
sistematicamente, sabemos a sua história - vejo aqui a família Campos presente,
e são pessoas que têm uma história.
Gostaria também de resgatar uma pessoa que aqui não se encontra, que me
marcou muito dentro do IPA, que é o Professor Silvino Rodrigues, pessoa que
trabalhou no Colégio e na Faculdade por mais de 40 anos, que ajudou na formação
de milhares de jovens. Um detalhe importante que vale ser ressaltado, como
dissemos que o IPA é uma instituição confessional, dentro do seu plano e
missão, fica bem claro quando se fala em "necessidades e oportunidades na
realização do trabalho de Deus”. A Igreja Metodista reconhece a grande necessidade que são os desafios da missão. A
necessidade de estar em comunhão com Deus, ouvir e atender sua voz e de se
fortalecer no poder de Deus. A necessidade de conhecer o bairro, a cidade, o
campo, o país, o continente, o mundo e os acontecimentos que o envolvem. Por
que e como ocorrem suas conseqüências. Isso inclui conhecer a maneira como as
pessoas vivem e se organizam, são governadas e participam politicamente, e como
isso pode ajudar ou atrapalhar a manifestação da vida abundante. A necessidade
de apoiar todas as iniciativas que preservem e valorizem a vida humana. A
necessidade de denunciar por palavras e pela prática todas as forças e
instrumentos que oprimem e destroem a vida humana. A necessidade de unir no
trabalho, de modo positivo, as igrejas locais, e a Igreja com as demais igrejas
cristãs. A missão acontece quando a Igreja sai de si mesma, envolve-se com a
comunidade e se torna instrumento da novidade do Reino de Deus, a luz do
conhecimento, da palavra de Deus em confronto com a realidade, discernindo os
sinais do tempo presente. A Igreja
trabalha assumindo os dramas e a esperança do nosso povo. Esse é o
compromisso social do Instituto Porto Alegre que, além de orientar e ensinar,
está sempre com a comunidade e com o seu povo. E tenho a grata felicidade de
ser membro presente desta Instituição, o Instituto Porto Alegre. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Queremos fazer uma correção, a Professora Carolina Reschke Fulcher é
Diretora das Faculdades IPA/IMEC.
O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra em nome da Bancada do PFL.
O SR.
REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) O Professor Carlos
Garcia, nosso colega nesta Casa, com o
talento e o brilho que lhe são peculiares, já deu o mote e fez o registro
apropriado do sentido desta homenagem e do tamanho da entidade homenageada.
Certamente o pronunciamento
do nosso companheiro de jornada, Ver. Carlos Garcia, homem vinculado
diretamente ao Instituto Porto Alegre, por si só sustentaria toda a homenagem
que a Casa do povo de Porto Alegre pretende e está tributando ao nosso IPA ao
ensejo dos seus 75 anos de serviços educacionais prestados à comunidade.
Eu até me socorro, fundamentalmente,
do meu colega Nereu D’Ávila e do Professor Washington Bermudes, porque neles eu
identifico alguma coisa em comum com o Morro Milenar, o qual subi algumas
vezes, Ver. Carlos Garcia, não como aluno, mas em função da minha atuação no
movimento estudantil organizado, ou chamado por aquelas situações novas que o
IPA criava no contexto de Porto Alegre, quando ali encontrávamos o Professor
Washington Rodrigues, o Prof. Washington Gutierrez e Selviro Rodrigues, a
confusão é absolutamente justificável, porque o Professor Selviro Rodrigues
também era uma pessoa que identificava com absoluta clarividência a atuação que
o IPA, naquela ocasião, fazia pelo esporte e pela juventude. Eu tenho, com o
IPA, vínculos absolutamente saudosistas. Lembro do Paulo Afonso Salgado, do Nei
Oliveira, do Eurico, enfim, daqueles jovens que, enquanto eu estudava no
Colégio Dom João Becker, estudavam no
IPA. Além desse fato, eu tenho, não com o IPA, mas com o que a Instituição do
IPA representa, um reconhecimento que nunca vou esquecer e nem deixar de
registrar.
Se eu não fui aluno do IPA,
fui aluno do Instituto União, de Uruguaiana, entidade congênere, entidade irmã,
por assim dizer. E esse lema, que no portfólio do IPA é representado no dia de
hoje pelos 75 anos de idade, "Liberdade e Responsabilidade", bem
acentuado pelo Garcia, é algo que eu aprendi na prática. Há cerca de 40 anos,
lá na distante Uruguaiana, 630 Km de Porto Alegre, quando mal-saído de um
internato de escola marista, onde eu era cercado por um muro de 4 ou 6 metros
de altura, de repente, me vi situado numa escola metodista, o Instituto União,
e ali, para minha surpresa, vi que tinha apenas um muro, que mal chegava a 50cm
de altura.
Pasmo diante daquela nova
realidade, eu passei alguns dias na tentação de transpor aquele muro e passar
para o outro lado da rua que, para mim, naquele momento, com 12 ou 13 anos de
idade, era um sentimento de liberdade: a alforria.
Ao término de algum tempo de
obstinada reflexão sobre a perspectiva de saltar ou não aquele muro, fui
aconselhado pelo diretor da escola, que verificava que eu estava vivendo aquele
desejo, a passar o muro e perceber como é que eu me sentiria do outro lado, já
que não era obrigado a não transpô-lo.
Era o conceito indireto da
liberdade e da responsabilidade, que para um menino de 12 anos, num exemplo
prático, um educador transmitia.
E esse fato, eu que sou
assumido como liberal, que entendo que a liberdade é o dom maior que nos foi
concedido e que não haveria sentido de vida se nós não usufruíssemos e praticássemos
a liberdade. Eu que sou liberal aprendi cedo que essa liberdade só pode ser
exercida com responsabilidade senão ela deixa de ser liberdade. Então, ao IPA
que homenageio no dia de hoje, é o IPA da mesma linha de pioneiros educadores
deste Estado, a quem "genoflexo" eu homenageio na tarde de hoje, e é
o mesmo IPA que tem hoje, nesta casa, um representante permanente, que é o Ver.
Carlos Garcia.
A todos os senhores e
senhores que no passado ou no presente mantiveram essa tradição de um ensino de
qualidade aonde se transfere ao jovem essas máximas, insuperáveis pelo tempo,
da vinculação da liberdade com responsabilidade, as homenagens do partido da
Frente Liberal e deste Vereador que, Confessadamente foi influenciado pelo tipo
de ensino do glorioso Instituto Porto Alegre, há 75 anos, no Morro Milenar,
transfere às gerações de gaúchos e gaúchas que por ali passam e que ali vão
aprender não só o ensinamento curricular, mas receber as lições elementares e
fundamentais de como se postar na vida com liberdade e responsabilidade. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Registramos, também, como extensão da Mesa, a Diretora do Colégio Americano,
Profa. Eliane Thaís Carvalho da Silva; a Coordenadora do Colégio Americano,
Profa. Adriana Oliveira; o Coordenador da Faculdade de Fisioterapia, Prof.
Fernando Antônio Melo Prati; a Coordenadora do Grupo Reviver 3ª Idade, Profa.
Vera Campos; o Diretor do Colégio Farroupilha, Prof. Celso Veit; a
Representante do Colégio São Luís, Orientadora Carmela Azevedo; Representante
dos funcionários do IPA, Orlando Albino Veit; Representante do SINEP, Milton
Gehrke, Representante do CPM do IPA, Vunibaldo Esser; Representante dos
Professores da Congregação Metodista, Professor Jaime Verner dos Reis; Representante
do Comandante da 9ª Região de POA, Tenente Amorin; Representante da Pastoral
Universitária, Pastor Luís Eduardo Prates da Silva; Representante do Reverendo
Bispo Rozalino Domingos, Reverenda Elza Zenkner. Queremos agradecer a presença
de todos e dizer que é uma honra muito grande para esta Casa tê-los hoje, aqui,
prestigiando este ato que visa a homenagear os 75 anos do IPA.
O Ver. Adeli Sell está com a
palavra para falar em nome da Bancada do PT.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente, Ver. Luiz Braz, ao cumprimentá-lo, cumprimento todas as autoridades
da Mesa já anteriormente nominadas. Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores,
quero, antes de mais nada, congratular-me com os 75 anos do Instituto Porto
Alegre em nome da bancada do Partido dos Trabalhadores. Falar do IPA, por um
lado, é uma facilidade pelas inúmeras questões que podemos tratar desta
Instituição, mas também há uma certa dificuldade em escolher aquilo que é o
cerne de toda a atividade, da filosofia, do modo de operar do Instituto Porto
Alegre. No seu nome, a palavra instituto nos leva à palavra instituição. Eu
creio que quem faz 75 anos não é mais uma simples escola, não é uma simples
instituição de nível superior, ela é uma Instituição, e o nome já diz, de Porto
Alegre, portanto, parte integrante desta Cidade, que leva no seu nome a nossa
Cidade, porque ela é uma parte, também, da nossa história, uma história dos
últimos 75 anos. Não tive o privilégio que teve o Ver. Pujol de acompanhar
alguns nomes que fizeram parte dessa história, que conviveram com ele alguns
períodos passados e nem do Professor Garcia que ali estudou e hoje trabalha,
mas vindo do interior de Santa Catarina para cá não me lembro, exatamente,
quando ouvi pela primeira vez essas três letras juntas dando o nome de IPA.
Talvez, eu, meio tonto, na Cidade, deve
ter sido em um ônibus que indicava uma direção da nossa Cidade. Isso não
importa, aos poucos, fui conhecendo e verificando o que é essa Instituição que
pode ser resumida em uma frase que encontrei, não casualmente, mas quando li
aleatoriamente, foi no dia oito de março, Dia Internacional da Mulher, que traz
um bom recado para nós: "Todas as pessoas nascem livres e iguais em
dignidade e direitos". Foi tirado da Declaração Universal dos Direitos do
Homem. Provavelmente, aqui, em várias
páginas haja outros elementos que configuram exatamente aquilo que falei, que é
a dificuldade de falar da Instituição, para que possamos pegar o que é o cerne
da sua filosofia, do seu modo de ser e de fazer. Creio que, com essa frase
talvez eu tente resumir um pouco o que é a história e a vida e, tenho certeza,
do que será o futuro dessa Instituição. A sua luta, a sua batalha pela igualdade, pela fraternidade, enfim, pelo
bem-estar social. Na medida em que é
uma Instituição de ensino, ela busca fazer com que aqueles que, nas diferenças,
mesmo tendo nascido iguais, se tornem diferentes e, às vezes, com oportunidades
diferentes. Mas, tendo essa Instituição como alavanca, tenho certeza de que
chegarão a um patamar de dignidade, enquanto cidadãos.
Portanto, registro a nossa
alegria por poder homenagear o IPA (Instituto Porto Alegre), olhando para o seu
trabalho, para os seus educadores, para a sua direção. Esse Instituto que tem
no seu nome o nome da nossa Cidade Porto Alegre, precisa, mais do que nunca de
mais 75, e muitos anos do seu trabalho, do seu labor e dedicação, porque uma
Cidade se constrói com o somatório de decisões e determinações do Poder
Público, fazendo com que haja espaço para aqueles que não podem estudar. Um
desses espaços pode ser feito por este Legislativo com suas leis e
preocupações, que é feito para instituições confessionais ou laicas,
confessionais como o IPA e outras muitas instituições que têm esses mesmos
propósitos.
Acredito que o IPA tem
demonstrado esse grande vigor e é por isso que essas suas pequenas três letras
se destacam tanto na história de nossa Cidade. Setenta e cinco anos do IPA, parabéns! Vocês merecem
e nós, tenho certeza, que não vamos decepcioná-los com esta singela homenagem,
dizendo muita vida, muito trabalho ao Instituto Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver Nereu D'Ávila está com a palavra e fala pela Bancada do PDT.
O SR. NEREU
D'ÁVILA: Exmo.
Sr. Presidente da Câmara Ver. Luiz Braz; Magnífica Reitora do Instituto Porto
Alegre, Profa. Alba Salgado Belotto; representante do Prefeito Municipal de
Porto Alegre, Jornalista Maria da Graça Schmidt; representante do Tribunal de
Justiça do Estado, Desembargador Tubinambá do Nascimento; Diretora Geral do
IPA/IMEC, Profa. Carolina Reschke
Fulcher; Presidente do Conselho Diretor, Prof. João Paulo Rito Rodrigues
Aço; representante da Delegacia do Ministério da Educação, Profa. Anelise Lara
Lopes; representante do Comando geral da Brigada Militar, Major Francisco
Carlos Freitas; ex-Reitor Emérito do IPA, Prof. Washington Gutierrez;
representante da Secretaria de Educação, Profa. Neci Ricciardi. Senhoras e
senhores.
Em primeiro lugar, quero
dizer que também tenho a honra de falar aqui em nome da Associação dos
ex-Alunos do IPA, por delegação do Sr. Pedro Paulo Campos de Campos, que acaba
de me telefonar, e estando febril não pode comparecer a esta solenidade. Em
segundo lugar, desejo dizer ao meu ilustre Colega, de tão brilhante passagem
por esta Casa, Ver. Reginaldo Pujol, quando se referiu ao Garcia como o
representante do IPA ainda hoje. Quero fazer o meu veemente protesto porque eu
sou, era, fui e serei sempre também representante do IPA, não abro mão,
absolutamente, desse galardão. E o Garcia sabe muito bem por que da minha
autoridade moral em dizer isso. Eu estive durante oito anos convivendo com o
IPA e, desses oito anos, sete deles como interno. Por isso, passando por ele,
tendo a minha formação moral toda consolidada nos moldes, nas excelências da
Igreja Metodista do Brasil, que ensinou-me as virtudes da vida, as atitudes
morais que, até hoje, ensejam os traços da minha personalidade: não fumo;
bebida, só socialmente; rígida postura moral. Carregarei para o resto dos meus
dias essas qualidades que a Igreja Metodista e o IPA e consolidaram.
Personalidades também,
emocionado, neste momento, recordo. Cheguei ao IPA em 1954, com um pouco mais
de sete anos de idade para ser interno. Na minha terra, Soledade, naquela
época, antes do Brizola construir a Estrada da Produção, se levava doze horas
de ônibus para chegar, portanto eu estava longe da minha terra. E a minha mãe,
trazendo aquele menino pela mão, preferiu o IPA ao IE, que era pertinho de
Soledade, por recomendação deste que me telefonou hoje, Pedro Paulo Campos de
Campos, entregou-me ao Prof. Asnid, diretor de alunos, de saudosa memória,
repito, entregou-me e disse: "Aqui está o meu menino, faça dele um homem”.
Minha mãe, segunda-feira, completa 80
anos, modéstia parte. Seu Asnid no céu, receba a minha homenagem, porque a
minha mãe agradece hoje ao IPA e ao metodismo, porque se não fez um grande
homem, pelo menos, fez um homem que não desonra não só as tradições dela e da
família, mas também do IPA e de todos aqueles que por lá passaram. Recordo de
alguém que deu nome a uma rua. Ele veio
dos Estados Unidos: Daniel Betts, que deu nome a uma rua no Morro Santana. Cada
vez que passo naquela rua me emociono; pertinho, há outra rua com o nome de sua
mulher, Dra. Francisca, que também é, foi uma grande mulher. Daniel Betts e Francisca
Betts também ajudaram a plasmar tudo aquilo que o IPA representa no mundo da
educação e da Cidade e do Estado. Aqui está algo que o Washington sabe muito
bem, porque foi um dos editores quando esta "Colunas" que
representava toda a atividade escolar do IPA esteve fora por alguns anos, e o
Washington ajudou em 57 e novamente colocou "Colunas" em circulação.
Trago aqui a de 1954 onde está a minha foto com 8 anos de idade. Que saudades!
E aqui a "Colunas" de 1960 quando deixei o IPA e pude escrever aqui
nas primeiras páginas tudo que pensava do IPA e da sua história que, agora, por
falta de tempo, não poderei ler.
Todos que por lá passaram,
todos aqueles que já se foram - e naquele tempo era só masculino e agora vejo
nesta lista que a maioria da sua direção é feminina - que avanço ou não é a
realidade. Naquela época nós íamos lá no Americano quando iam mudar a água da
piscina, quando a água estava suja éramos chamados para tomarmos o último banho
e depois mudarem a água. Era o nosso único contato com o sexo feminino, o que
muito nos agradava.
Então, reminiscências de
fora. Mas uma coisa esta escola majestosa ajudou a iluminar o facho do Rio
Grande com o a sua trajetória: o espírito ipaense - isso que o Ver. Carlos
Garcia falou: liberdade com responsabilidade - ajudou a construir todos aqueles
jovens que hoje, como eu, já estão com seus cabelos embranquecidos, e ali está
o Washington, sorridente, e que também foi um dos reitores. Quando ele chegou
com o seu primeiro filho no IPA nós o chamávamos de "mosquito",
porque era magrinho o seu filho, e hoje tem 1,90 m de altura, é um atleta, pois
o Washington e a Olga - também de saudosa memória - muito ajudaram a construir
a história do IPA.
Sinto-me feliz por esses 75
anos de gloriosa trajetória. Fico muito feliz que o Ver. Carlos Garcia
participe da Escola de Educação Física, que naquela época nem existia. A única
coisa que ajudamos a construir foi a piscina, e que também hoje está com um
imenso conglomerado de obras para os jovens, com faculdades honrando a nossa educação,
e o meu filho, depois, veio a estudar lá.
Como as palavras sempre têm,
ao longo do tempo, a mesma representação e a mesma profundidade, eu concluo com
um artigo escrito em 1954, neste primeiro "Colunas", quando cheguei
ao IPA. Escrito por alguém que não conhecia, porque quem escreve são aqueles
alunos que estavam concluindo o curso científico ou contabilidade, e eu estava,
na época, entrando bem criança. Mas as palavras desse cidadão, Roberto
Martins, ilustram bem o que, hoje, no
meu coração e nossos corações desejando que os professores atuais e a direção
atual continuem os passos da grandeza daqueles que já foram citados por outros
oradores, mas cito os Profs. Aslides Jik e Daniel Landerbet e citaria ainda o
Prof. Oscar Machado que, no meu entendimento, foram os que plasmaram as
grandeza do IPA até nosso dias. Diz o artigo: "Saudades. Nós vamos sentir
saudades. Quando o tempo tiver passado sobre nossas cabeças, nós vamos sentir
saudades. Aqui ficou nossa infância, nossa juventude, parte de nossa mocidade.
Aqui deixamos algo de nós mesmos. Estas salas brancas de aula, nós as levamos
conosco para sempre, inseparavelmente. Elas fazem parte de nosso ser: nós
estivemos aqui. Nestes corredores ressoaram os nossos passos moços. Este
casarão de pedra está ligado à nossa história assim como nós estamos ligados à
sua. Tudo que vivemos aqui nunca mais será vivido; as horas aqui passadas estão
passadas para sempre. Alguns de nós, afastados em municípios e estados
distantes, nunca mais cá poderemos voltar. Isto, porém, não importa. Dentro de
nosso ser, teremos a lembrança do que nos conheceu e que nós conhecemos a
imagem perdida no tempo daquilo que foi nosso. E, mundo afora, nós a levaremos
dentro de nós. O tempo vai passar e vai passar depressa - embora nós ainda o
julguemos lento. E vamos sentir saudades. Já as sentimos, agora, ao nos
despedirmos. Saudades, muitas saudades." Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Ainda queremos registrar, que muito nos honra, as presenças da Diretora Administrativa
do IPA-IMEC, Lorena Guimarães, do representante do curso pré-vestibular
Unificado, Prof. Otávio Rojas Lima, da Coordenadora do Grupo de Dança, Profa.
Dione Zanata, do Coordenador do 2º Grau do IPA, Robert Werner G. da Silva, da
Coordenadora do 1º. Grau do IPA, Profa. Jussara Lobato Fernandes.
Queremos registrar, também,
a presença do Ver. Clovis Ilgenfritz.
O Ver. João Carlos Nedel
está com a palavra em nome da Bancada do PPB.
O SR. JOÃO
CARLOS NEDEL: (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, quero cumprimentar o ilustre Ver. Carlos Garcia, Líder do PSB,
nesta Casa, pela iniciativa de promover a homenagem que hoje prestamos ao
Instituto Porto Alegre - IPA - da Igreja Metodista.
“Veritas liberabit vos”: A verdade vos libertará! Com esse lema
de tão largo espectro cristão, há 75 anos o IPA vem trabalhando árdua,
inteligente e eficazmente naquele que é, sem dúvida nenhuma, o mais importante
campo da ação humana em sociedade, que é o da educação, pois é somente a partir
da educação que todos os demais direitos da pessoa humana se tornam visíveis,
compreensíveis, possíveis e realizáveis.
Não me refiro, aqui, à mera
instrução das primeiras letras ou até mesmo à que alcança os bancos acadêmicos
de todo nível, que muitos chegam a confundir equivocadamente com a própria
educação; refiro-me, isto sim, à educação "lato sensu", que implica
especialmente no aprendizado, no cultivo e na prática dos valores essenciais da
humanidade, iniciando-se na intimidade dos lares, completando-se nas boas
escolas, como o IPA, e praticando-se no convívio social. Essa educação exige
permanente ajustamento à realidade exterior, e o IPA soube muito bem fazê-lo,
ao longo dos tempos.
Se de início seus métodos educacionais concentravam-se nas capacidades individuais e ensejavam forte espírito de competição, hoje se orientam por uma perspectiva de pluralidade e coletividade, visando à formação de uma consciência crítica da realidade, à compreensão da prevalência do social sobre o individual, à prática da justiça e da solidariedade e ao desenvolvimento da consciência de que todos têm o direito de participar, de modo justo, dos frutos do trabalho. A comemoração dos 75 anos do IPA e a homenagem que hoje esta Casa lhe presta coincidem de modo muito feliz com a campanha da fraternidade de 1998, cujo tema é exatamente "Fraternidade e Educação". Da verdadeira educação, que se baseia na verdade, haurida do Evangelho é a única capaz de libertar o homem, inclusive de si mesmo, encaminhando-o na busca da perfeição, no exercício da fraternidade e na conquista da felicidade. “Veritas liberabit vos”: A verdade vos libertará.
Parabéns, Instituto Porto
Alegre da Igreja Metodista, IPA, pelos seus 75 anos e muito obrigado por todo o
bem que tem feito à gente desta terra.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: A
Vera. Anamaria Negroni está com a palavra em nome da Bancada do PSDB.
A SRA.
ANAMARIA NEGRONI: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Falo em nome da
minha Bancada, em nome do Líder da Bancada Ver. Antonio Hohlfeldt e também do
Ver. Cláudio Sebenelo. Gostaria de parabenizar o Ver. Garcia por esta homenagem
ao Instituto Porto Alegre, que com tantos anos de militância nesta Instituição,
ausenta-se das sessões, quando prorrogadas, para lá estar. E coloco a
importância do IPA em nossa Cidade, o que já foi manifestado também pelos
Vereadores que me antecederam, fazendo também uma singela homenagem a este
Instituto que há setenta e cinco anos vem cumprindo a missão determinada por
seus fundadores missionários metodistas do sul dos Estados Unidos, qual seja,
oferecer formação a jovens brasileiros
com modernos métodos educacionais e princípios democráticos, liberais e
cristãos.
Esses princípios, inegavelmente,
marcaram inúmeras gerações de gaúchos, formados nas salas de aula desta
renomada Instituição, desse inconfundível estabelecimento de ensino situado no
Bairro Rio Brando de Porto Alegre. Mesmo tendo passado por profundas
transformações a partir da década de 70, com a implantação de uma nova política
educacional metodista, o IPA mantém a base de seus princípios educacionais. A
educação ipaense inspira-se numa perspectiva de pluralidade e coletividade,
sempre na busca de objetivos determinados, que é o de desenvolver a consciência
crítica da realidade, compreender que o interesse social é mais importante que
o individual. Exercitar o senso e a prática da justiça e da solidariedade,
desenvolvendo a consciência de que todos nós temos o direito de participar de
modo justo dos frutos do trabalho. Assim tem sido ao longo desses 75 anos em
que o Instituto Porto Alegre vem oferecendo aos jovens de todo o Estado a
oportunidade de um aprendizado marcado pela liberdade de expressão, também pela
manifestação plena da democracia, pela plenitude de uma formação voltada para o
futuro qualificado. Tanto é verdade que podemos, quando comemoramos os 75 anos
de fundação do antigo Porto Alegre College, afirmar, convictamente, que lá
ainda se cumpre o lema do IPA, expresso pela frase latina “Veritas liberabit
vos”, a verdade vos libertará. É uma
clara demonstração de que o ipaense ama
a verdade e trabalha imensamente para alcançá-la. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Hélio Corbellini está com a palavra, pela Bancada do PSB.
O SR. HÉLIO
CORBELLINI: (Saúda
os componentes da Mesa.) De tantas frases aqui colocadas, eu vou extrair uma
outra, eu vou dizer que para mim, talvez, o mais significativo seja a frase de
João Wesley, quando ele sentia que não
tinha espaço na Igreja Anglicana, para as suas pregações, indo pregar aos
operários nas praças, que ficou famosa e diz: "O mundo é minha
paróquia." Explico porquê esta frase para mim é importante. A minha
criação, foi uma criação marcadamente cristã, católica, romana, num período em
que resquícios do fundamentalismo forjavam mentes, onde ainda a verdade era
reconhecida como uma só e, nesse turbilhão de informações que eu jovem recebia,
instigavam-me algumas coisas. Instigava-me, por exemplo, de por que afinal todos os países ricos têm confissões
religiosas diferentes daquelas que todos os países pobres têm. Por que minha
confissão religiosa só existe ou predomina em países pobres. Isso me instigava,
me instigava todas as vertentes luteranas, anglicanas em que os missionários na
história da civilização e na colonização dos povos chegavam nos países e esses
países ficavam com relações mais progressistas ou como aqui alguns disseram:
mais liberais e onde as verdades não era tratadas como coisas definitivas e sim
que em cada ser tem a verdade e quem sabe entre todos poderíamos chegar a
verdade definitiva para a civilização.
Não é sem razão de que João
Wesley escreveu em seus artigos, os mais famosos, e na minha pesquisa
apareceram cinco: "O Dinheiro aos Pobres", "Compêndio de
Medicina", "Apoio à Reforma Educacional", "Apoio à Reforma
das Prisões" e "Apoio à Abolição da Escravatura", que na origem
dos metodistas, que já veio de uma universidade que polemizava, na Idade Média,
com as idéias, estava o gérmen do progresso, estava o gérmen da verdade
universal e ecumênica, estava o gérmen de que é impossível ter democracia se
não houver liberdade, e vice-versa; não existe liberdade se não estivermos numa
democracia, mas para isso é extremamente necessário que tenhamos na origem as
sementes que não bitolem e que dêem a possibilidade da investigação e da
procura daquilo que é mais importante para a sociedade, para os jovens e para
as famílias.
Para encerrar gostaria de
dizer - e acho que esta é a maior forma com que posso reverenciar os 75 anos do
Instituto Porto Alegre que o meu companheiro e Líder de Bancada, Ver. Carlos
Garcia, está proporcionando - que quem sabe, pelo espírito rebelde que tive em
minha juventude, pelo espírito de contestação que tive em minha adolescência e
também como homem maduro, se me tivessem dado a oportunidade, como hoje damos
aos nossos filhos, de escolher sua confissão, quem sabe, hoje, eu seria um
metodista, mas graças a Deus, hoje, as idéias fundamentalistas estão acabando.
Hoje, o espírito do ecumenismo está vigendo, graças a Deus, porque é, talvez, a
grande contribuição dessas confissões para moldar o perfil, o caráter de toda
sociedade que entra agora no terceiro milênio. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador)
O SR.
PRESIDENTE: A
Vera. Clênia Maranhão está com a palavra pela Bancada do PMDB.
A SRA. CLÊNIA
MARANHÃO: (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Inicialmente, gostaria de saudar a
iniciativa do Professor, agora Vereador, Carlos Garcia, porque esta homenagem
nos remete à história do IPA, às comemorações dos 75 anos de vida do Instituto Porto Alegre, da Igreja
Metodista. Mas nos remete, também, a uma homenagem à educação e a uma reflexão
sobre a perenidade de alguns valores que são universais. Porque nada pode ser
mais atual do que alguns dos objetivos que vêm sendo defendidos por sucessivas
décadas pelo IPA: os princípios da democracia e o compromisso de oferecer
formação à juventude.
O IPA é desses modelos de
instituição quem tem sabido se adequar às mudanças rápidas dos novos tempos, se
modernizando, porém garantindo a permanência dos princípios da pluralidade, da
criticidade social, demonstrando, com a sua prática, a prioridade do coletivo
sobre o individual.
Ao contrário de alguns
colegas Vereadores, que tiveram o privilégio de conhecer o IPA em uma relação de aluno, de professor, de
coordenador, quero dizer aos professores, aos alunos, aos diretores, à Sra.
Reitora e ao Sr. ex-Reitor, que não tive esse privilégio. Eu não sou gaúcha de
origem, e conheço o IPA nos últimos 20 anos, desde que me transformei numa
porto-alegrense e virei gaúcha.
Mas, eu queria dizer que fiz
uma questão enorme de falar neste ato, de prestar, também, a minha homenagem
particular, de mulher, cidadã e política e de falar, em nome da minha Bancada,
o PMDB, para dizer de um sentimento que tenho em relação ao IPA. Um sentimento
de alguém que, vindo de fora, também tem a sua história com esta Instituição.
Por dois fatos eu conheço o
IPA e o admiro. O primeiro foi há muitos anos, quando a luta das mulheres ainda
não era reconhecida como indivisível da luta da cidadania e dos direitos
humanos. E nós, as mulheres, que acreditávamos na igualdade de direitos e
de oportunidades, éramos consideradas
visionárias ou, talvez, exóticas.
Pois, acreditem, isto faz
quase vinte anos. E eu procurava, com o meu discurso e com tentativas de
convencimento, discutir isto, que hoje a ONU determina como política pública.
Eu tentava discutir isto com instituições sindicais, políticas, governamentais.
Jamais vou esquecer, tinha um apoio fundamental, através de um contato que foi
realizado pela Reverenda Mara Barbosa, com a Igreja Metodista, que vislumbrava
esta questão como fundamental da democracia do futuro.
Passaram-se alguns anos,
ainda era longe a compreensão da sociedade sobre isto. Recordo-me que eu era
quase uma estranha, não era Vereadora. Recordo-me da ousadia de alguns
professores do IPA, que abriram espaço, num momento em que as escolas ainda não
discutiam o que era o movimento de mulheres. Foi muito importante podermos
democratizar com a área acadêmica a história que era, naquele momento, uma
história de militância social. Hoje, quero dar o meu testemunho de alguém que é
Vereador de Porto Alegre, e que se orgulha muito disso, porque, como
Vereadores, nós temos a capacidade de acompanhar quase tudo o que acontece na
Cidade. Aqui, neste Plenário, nós recebemos as demandas, as reivindicações, as
comemorações e as conquistas da população de Porto Alegre, e acompanhando Porto
Alegre nós acompanhamos o IPA; acompanhando o sucesso do IPA, acompanhamos a
História de Porto Alegre. Temos visto o IPA, sempre, qualificando, capacitando,
acreditando e se integrando à sociedade para fazê-la cada vez melhor. Parabéns
ao IPA. Vida longa! Muito obrigada.
(Não revisto pelo oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: Sabendo
que a mulher está ocupando, cada vez mais, os cargos em competição com os
homens, fazendo com que melhor estejam conduzindo a nossa sociedade, temos a
honra de estar sentados ao lado da Magnífica Reitora, que é a primeira mulher a
dirigir essa Instituição de ensino. É um sinal de que a luta de evolução da
mulher, em busca da igualdade, tem aqui uma representante que faz com que nós
estejamos orgulhosos de estar conscientes de que essa luta tem que continuar.
Teremos, agora, a
apresentação do Grupo Vidança, o Grupo de Danças Folclóricas do IPA, coordenado
pela Profa. Dione Zanata.
(Apresentação do Grupo de
Danças.)
O SR.
PRESIDENTE: Queremos
cumprimentar o grupo de danças dirigido pela professora Dione Zanatta que faz
um dos momentos marcantes desta solenidade.
Concedemos a palavra ao representante do IPA, Presidente do
Conselho Diretor, Professor João Paulo Rito Rodrigues Aço.
O SR. JOÃO
PAULO RITO RODRIGUES AÇO: Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz, Senhoras e Senhores Vereadores; Senhor
Vereador e Professor do IPA Ver. Carlos Garcia; Sra. Diretora - Geral do
IPA/IMEC e Diretora do Colégio IPA Alba Salgado Belotto; Srs. Professores,
alunos e ex-alunos, senhores membros das diversas associações ipaenses, demais
autoridades civis e militares.
Este ano de 1998 é significativo para a comunidade metodista
gaúcha, porque concomitante aos festejos dos 75 anos do IPA, comemoram-se os
250 anos de fundação da primeira escola metodista destinada à assistência de
crianças carentes. Escola fundada por João Wesley em Kingswood, na Inglaterra,
no séc. XVIII. Neste ano comemoram-se, também, os 100 anos da primeira
sociedade metodista de mulheres fundada no Brasil - Sociedade inspirada nos
modelos das associações voluntárias norte-americanas. Cem anos atrás, Miss
Hageman, missionária norte-americana, de espírito marcadamente humanitário,
organizou, na cidade de Porto Alegre, uma pequena sociedade feminina destinada
à educação informal e às práticas caritativas.
O IPA, que, publicamente, é
homenageado, hoje, por esta importante Casa, é fruto de muitas influências. A
primeira nasceu do espírito empreendedor dos missionários norte-americanos que
reconheceram na cidade de Porto Alegre características de tolerância religiosa
e cosmopolitismo, atributos necessários para o desenvolvimento de um
educandário de instrução formal e confessional destinado aos jovens gaúchos.
Dessas influências destacaria também a histórica presença de Oscar Machado,
educador e Diretor do Colégio IPA que, por três décadas, imprimiu um traço pessoal e cívico entre as
várias gerações de jovens que pelo IPA passaram. Certamente não descreveríamos
bem aqueles tempos em que a chamada Pátria ocupava um lugar de destaque na vida
escolar, nem expressaríamos com propriedade as narrativas dos veteranos
ipaenses sobre a vida no internato, ou os disputados jogos desportivos e toda a
emoção e camaradagem das gerações de jovens que nas décadas de 40, 50, 60 e
quem sabe, hoje, ainda, sonhavam e ainda sonham com a realização das suas vocações
profissionais públicas e privadas. Jovens que foram educados por pessoas que
acreditavam que a formação do caráter e a conduta pessoal poderiam ser o meio
eficaz para conduzir a vontade individual para valores mais elevados da
nacionalidade, missão que só poderia ser feita por homens e instituições
exemplares. Educar pelo exemplo, "Liberdade e Responsabilidade",
talvez defina melhor a conduta dos irmãos José e Sebastião Gomes de Campos e
tantos outros ipaenses que formaram um ideário de zelo pelas instituições. Os
professores Campos muito cedo conheceram os padrões das instituições
norte-americanas, que com habilidade souberam aplicar seus conhecimentos na
educação formal de tantos brasileiros, permeando também a vida de gerações de
ipaenses que a despeito de se espalhar pelo mundo levaram na bagagem métodos,
ensinos e lembrança de inestimável valor moral. Poderemos citar aqui outros
como Aslid Gick, Família Gutierres, Família Betes, Sadi Machado da Silva,
enfim, empreenderíamos uma nominata que, fatalmente, omitiria nomes. No
presente, os desafios do IPA são do tamanho de nossas próprias crenças.
Precisamos mudar sem perder a nossa identidade, mantendo acesa a chama do
espírito ipaense junto às novas
gerações, valorizando o espírito democrático, como um valor de convivência
entre os homens. Penso, então, que poderemos atualizar os antigos preceitos
missionários que compreendiam a educação, como um processo de condução da
vontade individual para os valores coletivos, onde as experiências resultam em
lições de vida capazes de desenvolver cidadãos mais conscientes de sua cidade,
país, mundo e família.
Para finalizar, diria que o
IPA de hoje almeja ingressar no século XXI afirmando sua vocação de escola crítica e democrática,
capaz de superar adversidades dentro de padrões institucionais cada vez mais
transparentes, onde os valores da reforma protestante possam encontrar amparo,
na medida em que preconizamos uma reforma intelectual e moral para a sociedade
brasileira. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Registramos a presença do Presidente da Comissão de Educação desta Casa Ver.
Eliseu Sabino.
Hoje é um dia em que temos
que fazer agradecimentos, porque, afinal de contas, os trinta e três Vereadores
que estão aqui nesta Casa representam a sociedade porto-alegrense, e queremos
agradecer ao Ver. Carlos Garcia que proporcionou a oportunidade para que todos
pudéssemos, hoje, estarmos homenageando o IPA.
Queremos agradecer a esse
grupo que está aqui presente e que representa um grupo maior responsável por
todo o trabalho realizado nesses setenta e cinco anos, responsável por orientar
a nossa juventude, por tornar a nossa juventude melhor, mais virtuosa, por dar maiores oportunidades, por
ensinar caminhos verdadeiros e por trazer pessoas tão brilhantes como o nosso
querido amigo Nereu D'Ávila, que hoje nos emocionou ao falar da sua passagem
naquele Instituto, da sua luta pela vida e do sucesso que ele faz hoje como
Vereador de Porto Alegre. Homenageamos a todos os Senhores pelo grande esforço
que fazem para que possamos ter uma Cidade melhor, um Estado melhor, um País
melhor, uma sociedade mais feliz. E exatamente nestas homenagens queremos
desejar que esses setenta e cinco anos possam representar apenas, o início de
uma grande caminhada, em busca, se Deus quiser, de um mundo que vai recompensar
a todos nós, porque vai trazer para todos uma sociedade muito mais justa, mais
igual e que estará sempre em busca da verdade. Muito obrigado a todos.
Vamos ouvir o Hino
Rio-Grandense e, posteriormente estará encerrada a Sessão.
(É executado o Hino
Rio-Grandense.)
(Encerra-se a Sessão às
16h57min.)
* * * * *